sábado, 27 de setembro de 2008

Escola! ESCOLA! Acorda! Vá lá, são horas! Olha que não vais chegar a tempo!"

Sabe-se que a Escola acordou tarde para as tecnologias.

Os nossos alunos navegam em webpages, criam sites e publicam em blogs há imenso tempo. Contudo, a escola começa agora a aprender a mover-se em tais ambientes.
Vê-mo-la revelar o normal "deslumbramento" dos entusiastas, o estusiasmo, o "brilho nos olhos" semelhante aos das crianças com um brinquedo novo.
Os Professores vão sendo impelidos a explorar plataformas, criar blogs da turma, publicar trabalhos no slideshare ou construir projectos colaborativos em Wikis, e mais ou menos, satisfeitos, lá andam todos orgulhosos a mostrar o que vão fazendo com os seus alunos...
Como qualquer iniciante a Escola revela também, ainda, a falta de reflexão, de propósito(s) , de sentido de orientação estratégica e de articulada intencionalidade inerente aos iniciantes... mas, não critiquemos já. Seja-lhe dado espaço, deixêmo-la explorar.
Claro que não por muito tempo.
Sabe-se que, por todos os anos que resistiu à mudança, pelo tanto que (consciente e inconscientemente) foi combatendo a modernização, a Escola trabalha agora contra-relógio. Existem tantas coisas a acontecer.
O mundo não pode parar à espera que a Escola se actuelize.
Mas a relação entre a escola e a mudança é conturbada.
A história tem mostrado (e Papert também lembrou) que a tendência natural no campo da Educação é a de, num primeiro momento, resistir vincada e recorrentemente à mudança. Num segundo momento, após grandes contestações de impacto nacional, de fortes investidas de âmbito sindical e de um imenso mediatismo social, a mudança tende a ser integrada, de forma "demasiado" acolhedora.
A Escola "sabe receber"!
De modo empático e cortês acaba por a acolher a mudança no seu espaço, fá-la sentir-se bem-vinda, integrada e, pouco a pouco, é como se a mudança fizesse já parte da família.
E, pouco a pouco, a mudança acaba mesmo por fazer parte da família! Adquire os hábitos instalados, as práticas instituídas.
De repente, já não há mudança! Transformou-se, agora é só mais um elemento/característica da escola de sempre.
Assim sendo deixa-se o alerta.
Se a escola acordou tarde para as tecnologias e que lança agora numa corrida pela integração educativa das mesmas no processo de ensino-aprendizagem, que se tenha cuidado.
Estejamos, socialmente, disponíveis para a ajudar a não tornar tais tecnologias apenas mais um dos seus elementos ou ferramentas. É que, sem querer, de forma meramente irreflectida ou inconsciente, a escola pode perder a oportunidade de instituir mudanças profundas.

As tecnologias não são em si mesmas promotoras de mudanças profundas (antes fossem e tudo seria mais simples!) mas as questões que levantam e as novas necessidades que criam, podem levar à reflexão e à transformação (progressiva mas cumulativa) de práticas que poderão resultar em mudanças profundas.