sábado, 13 de dezembro de 2008

"Professora, não se importa de sair do meu quarto?"

Denota-se a florescer a preocupação em perceber o melhor modo de integrar nos novos ambientes web onde, cada vez mais, os alunos vivem, no processo de ensino aprendizagem.

Pergunta-se:
"Como utilizar pedagogicamente os blogs dos alunos?"
"Não poderá a educação passar a ser desenvolvida em ambientes web, como seja, o Second Life?"
"Se todos os alunos passam a ter os seus espaços pessoais no
hi5 ou no Facebook, porque não passar a ensinar naqueles que são os seus espaços naturais de vivência?"

A intenção subjacente a tais preocupações é de louvar. Considero que se procura chegar ao aluno, exactamente onde ele está (provavelmente, porque se tomou consciência que se deixou de se conseguir chegar a ele).
Tal intenção será de considerar honrosa e por isso não será justo criticar. Mas fica a chamada de atenção: não se estará a iniciar um movimento que poderá ser demasiado intrusivo?
Esses espaços sociais e o que nestes acontece, assume semelhança com o que há anos atrás as gerações anteriores faziam nos cafés, nos jardins, na casa dos amigos e no próprio quarto. Esses espaços web que congregam páginas pessoais, permitem instituir redes de partilha, estabelecer contactos, relações, criar amizades e dar visibilidade a uma identifidade (que se vai estruturando). São espaços de vida dos alunos. Nestes os alunos fazem aquilo que qualquer ser humano faz na sua vida social. E ter espaço para uma vida social própria é imprescindível.

Assim sendo, se os devidos cuidados não forem acautelados, a escola poderá incorrer no risco de entrar demasiado nos espaços (web) sociais dos seus alunos. E "students don’t even want to have this blending of personal and school life."

Tais espaços, até então, eram só deles (e da comunidade com a qual eles não se importava de os partilhar) e relembro, funcionam como o café, o jardim, a casa dos amigos ou o seu quarto.
Com a sensatez necessária (e que existe, acredito), não justifica chegar ao erro de ter que ouvir: "Professora, poderia parar de andar a vasculhar as minhas coisas? E, já agora, não se importa de sair do meu quarto?"

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